Robert
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saúde alternativa
Práticas de saúde ou médicas são chamadas de
"alternativas" quando são baseadas em
princípios, métodos ou conhecimentos não testados,
não tradicionais ou não científicos. A medicina
"alternativa" é geralmente anticientífica e
baseada em crenças metafísicas. Como as práticas
médicas realmente "alternativas" deveriam ser
aquelas reconhecidamente equivalentes ou quase
equivalentes em eficiência, a maior parte da medicina
"alternativa" não é realmente
"alternativa". Quando a prática em questão é
oferecida juntamente com a medicina tradicional, é chamada
de medicina "complementar".
Estima-se que a medicina "alternativa"
movimente negócios de US$ 15 bilhões por ano.
Tradicionalmente, a maioria das empresas de planos de
saúde não têm cobertura para medicina
"alternativa", mas a American Western Life
Insurance Company é uma representante típica de uma
tendência crescente. Oferece uma rede de cerca de 300
conveniados na Califórnia, Arizona, Colorado, Novo
México e Utah, especializados em acupuntura,
aromaterapia, biofeedback, quiroprática, medicina
herbal, massagem, naturopatia, reflexologia e ioga, entre
outras. Alem dela, a Mutual Omaha Insurance Co. tem
reembolsado clientes dos custos de uma terapia
"alternativa" não-cirúrgica para doenças
cardíacas. O Dr. Dean Ornish, especialista em medicina
interna e diretor do Instituto de Pesquisas de Medicina
Preventiva de Sausalito, desenvolveu a terapia que inclui
uma dieta vegetariana, meditação e exercícios. A
Mutual of Omaha antecipou-se em observar que não estava
abrindo as portas para a cobertura de todas as formas de
medicina "alternativa". Consideram que o
tratamento do Dr. Ornish tenha comprovado ser eficaz.
O Escritório de Medicina Alternativa do Instituto
Nacional de Saúde vem apoiando numerosos estudos de
métodos não ortodoxos de cura, inclusive sobre o uso da
cartilagem de tubarão para tratar o câncer, e sobre a
eficácia do pólen de abelhas no tratamento de alergias.
As terapias "alternativas" mais populares são
as técnicas de relaxamento, a quiroprática, a medicina
herbal e a massagem. Os praticantes de métodos
alternativos fazem muito poucos estudos científicos. Na
verdade, muitos desprezam a ciência em favor da
metafísica, da fé e do pensamento mágico.
Por outro lado, muitos dos produtos questionáveis,
alardeados como cura para todos os males ou para doenças
graves como o câncer e doenças cardíacas são
promovidos usando jargão científico ou com
representação errônea ou falsificação de estudos
científicos. Jodie
Bernstein, diretora do Escritório de Proteção ao
Consumidor da FTC, oferece a seguinte lista de sinais de
charlatanismo:
** O produto é
anunciado como um rápido e eficaz cura-tudo para uma
ampla gama de doenças.
** As pessoas que o
promovem usam termos como descoberta científica
revolucionária, cura milagrosa, produto exclusivo,
ingredientes secretos ou remédio antigo.
** O texto é
escrito em "mediquês" - uma terminologia
de aparência impressionante para disfarçar a falta
de ciência de boa qualidade.
** Quem o promove
alega que o governo, os médicos ou os cientistas
estão conspirando para ocultar o produto do
público.
** O anúncio
apresenta casos não documentados, alegando
resultados espetaculares.
** O produto é
anunciado como disponível somente a partir de um
único fornecedor.
A regra geral é "se
parecer bom demais para ser verdade, provavelmente é
isso mesmo."
DAILY MAIL
(Londres)
Riscos ocultos das terapias alternativas
(21 de dezembro de
1998).
"Uma pesquisa
constatou que problemas de potecial risco de vida
têm sido causados por tratamentos como
homeopatia, acupuntura e quiroprática.
Infecções por hepatite B, lesões em nervos,
reações alérgicas e retardamento do
diagnóstico do câncer foram relatados por
clínicos gerais a pesquisadores do Departamento
de Medicina Complementar da Universidade de
Exeter. A instituição quer um controle mais
rígido sobre as terapias alternativas que não
foram adequadamente testadas e, em sua maior
parte, não são regulamentadas.
Um em cada dez dos
686 médicos relatou graves efeitos colaterais
que se suspeitou terem sido desencadeados por
terapias complementares. Um terço relatou
efeitos colaterais sem gravidade, como tratamento
inadequado. Cerca de metade dos efeitos
colaterais graves, inclusive lesões em nervos,
compressão da medula espinhal e agravamento de
condições pré-existentes, resultantes de
manipulação da coluna, geralmente por técnicas
quiropráticas ou osteopáticas, segundo a
pesquisa publicada no International Journal of
Risk and Safety in Medicine [Revista
Internacional do Risco e Segurança na Medicina].
A acupuntura foi responsável por duas
infecções por hepatite B e uma agulha quebrada
alojada no corpo, a aromaterapia desencadeou
reações alérgicas e a hipnoterapia fez com que
um paciente sofresse graves alucinações.
A homeopatia foi
considerada responsável por pelo menos uma
'morte evitável' por pneumonia, houve
retardamentos em diagnósticos de câncer e
asmáticos precisaram de tratamento hospitalar
após terem sido instruídos a interromper a
medicação."
|
Por
que a medicina "alternativa" é tão popular?
O The New England Journal of Medicine publicou
um estudo feito em janeiro de 1993 que mostrou que cerca
de um terço dos norte-americanos adultos tinha recorrido
a algum tipo de terapia não ortodoxa no ano anterior.
Por que a medicina "alternativa" [MA] é tão
popular? Há várias razões.
- A MA não usa drogas ou cirurgia; O medo
da cirurgia e dos efeitos colaterais das drogas
afasta muitas pessoas da medicina tradicional. A
MA é atraente porque não oferece esse tipo de
tratamentos assustadores. Além disso, a medicina
tradicional freqüentemente causa danos aos
pacientes. Os tratamentos da MA, na maioria das
vezes, são inerentemente menos arriscados e
menos sujeitos a causar danos diretos.
- O pensamento
seletivo e a predisposição para a
confirmação podem facilmente fazer
com que alguém focalize sua atenção nos casos
em que cirurgiões amputaram o membro errado,
removeram a parte errada do cérebro ou mataram
um paciente ao administrar anestésicos ou
radiação em excesso. Muitas pessoas
ignoram os milhões de pacientes que estão vivos
e passando bem atualmente devido a cirurgias ou
drogas. Em lugar disso, elas se voltam para os
casos de pacientes que morrem após cirurgias
"de rotina", que ficam permanentemente
incapacitados por uma reação adversa a uma
droga, ou que são assassinados por alguma
enfermeira desajustada que se auto-nomeou anjo da
morte.
Esse medo e ceticismo em relação a
tratamentos medicamentosos, hospitalização e
cirurgia não é infundado. Alguns dos danos à
saúde são causados pela imperícia médica,
outros são o resultado trágico mas inevitável
de reações imprevisíveis a medicamentos ou à
cirurgia. Por haverem freqüentemente questões
legais envolvidas, os médicos e hospitais muitas
vezes não falam abertamente dos detalhes a
respeito de mortes de pacientes pelas quais
poderiam ser responsabilizados. A confiança na
medicina é desgastada a cada relato de
"infortúnios terapêuticos".
Serão raros esses "infortúnios
terapêuticos"? Até onde eu tenho
conhecimento, nunca foi feito um estudo nacional
do assunto nos EUA. Houve um estudo feito em Nova
York em 1991 (O Estudo de Prática Médica de
Harvard) que descobriu que quase 4% dos pacientes
tiveram danos à saúde em hospitais e 14% destes
morreram, presumivelmente em decorrência das
lesões infligidas pelos hospitais. Lucian L.
Leape, médico de Boston, extrapolou a partir
desses dados que nada menos que 180.000
norte-americanos possam estar morrendo a cada a
ano por problemas causados por instituições de
assistência médica. Para dramatizar ele observa
que isso equivale a três jumbos caindo a cada
dois dias. ("Truth about
human error in hospitals," [A verdade
sobre as falhas humanas em hospitais] de
Abigail Trafford, editora da seção de saúde do
Washington Post, impresso no Sacramento
Bee, 21 de março de 1995, p. B7.)
Por outro lado, os riscos de ser positivamente
prejudicado por um profissional
"alternativo" como um homeopata, por
exemplo, são desprezíveis se comparados com os
de ser prejudicado por um médico tradicional
administrando drogas poderosas e executando
cirurgias de risco. Isso porque o homeopata não
está fazendo nenhuma intervenção
significativa. É improvável que as doses que
eles administrem tenham qualquer efeito sobre
qualquer pessoa. É improvável que um homeopata
algum dia mate alguém por engano. Tratamentos
médicos "alternativos" são
essencialmente não-intervencionistas e seus
riscos são geralmente negativos, não positivos.
O prejuízo para os pacientes não decorrem da
intervenção positiva, mas da falta
do tratamento (medicamentos ou cirurgia) que
poderia melhorar sua saúde e aumentar seu tempo
de vida.
Embora seja verdade que a medicina tradicional
não esteja isenta de riscos --mesmo de riscos
fatais-- é irracional rejeitá-la toda com base
nisso. Uma pessoa razoável não pode ignorar os
diabéticos que hoje estão vivos e passando bem
graças aos medicamentos, ou os milhões de
pessoas que devem suas vidas a vacinações
contra doenças letais ou incapacitantes. Não
podemos ignorar os milhões de pessoas cujo
sofrimento acabou graças a cirurgias, ou que
devem a continuidade de sua existência a
sucessivos tratamentos médicos, envolvendo tanto
drogas como cirurgias.
Uma resposta racional aos riscos bem reais dos
tratamentos pela assistência médica tradicional
é que ela assuma maior responsabilidade pelo
tratamento do paciente. Um paciente razoável
não pode ter fé cega em seu médico, não
importa o quão divino ele possa parecer ou se
apresentar. (Uma amiga muito querida, que viveu
até os 80 anos graças a pílulas e cirurgia, se
divertia muito em dizer a seus médicos que sabia
que M.D. [NT. sigla que identifica os
médicos] significava "medical
divinity" [divindade médica].)
Temos que nos tornar melhores conhecedores dos
remédios que nos prescrevem. Temos que
participar mais dos tratamentos, o que significa
que temos que fazer muitas perguntas e não
presumir nada. Não podemos assumir que o
remédio que a enfermeira quer que tomemos seja
aquele que nosso médico prescreveu.
(Simplesmente pergunte, "Que pílula é
essa?" Você deve saber se deve tomá-la ou
não.) Precisamos consultar segundas e terceiras
opiniões, o que não significa procurar outro
médico que diga aquilo que se quer ouvir.
Significa pesquisar. Leia a respeito da sua
doença e do tratamento recomendado para ela.
Não podemos nunca eliminar todo o risco quando
temos que depender de seres humanos, falíveis e
imperfeitos como nós mesmos. Mas podemos reduzir
o risco sendo mais responsáveis por nossa saúde
e sendo menos passivos. Um pouco de fé na
competência dos prestadores de assistência
médica é necessária, mas não é preciso que
seja uma fé cega. Pode ser que você
tenha que se submeter a uma cirurgia para amputar
um membro ou alargar uma artéria, mas você
precisa se certificar de que o médico que irá
operá-lo não ache que a tarefa dele era remover
sua vesícula biliar. O garoto que ia ter uma
perna amputada e escreveu com tinta em letras
grandes na perna boa "ESSA AQUI NÃO"
talvez tenha arrancado risos dos funcionários do
hospital. Podemos admirar o humor do garoto, mas
é essa falta de fé cega que é a coisa mais
admirável num cético.
- A medicina tradicional muitas vezes não
consegue descobrir a causa de uma doença ou
aliviar a dor. Isso é verdadeiro para a MA
também. Mas os praticantes da medicina
tradicional não têm a mesma probabilidade que
os primeiros de expressar esperanças quando esta
falha. Os profissionais "alternativos"
freqüentemente incentivam seus pacientes a ter
esperanças, mesmo quando o quadro é
desesperador.
- Quando a medicina tradicional descobre a causa
de uma doença, muitas vezes não consegue
oferecer um tratamento que seja garantidamente
seguro. Novamente, a medicina alternativa oferece
esperança quando a medicina tradicional não
pode oferecer uma cura segura e garantida. A
apresentadora de um noticiário televisivo local
rejeitou a quimioterapia em favor da Terapia de Gerson
para tratar um câncer de mama. Pat Davis seguiu
um rigoroso programa de dieta de 13 horas por dia
(verduras e sucos verdes), exercícios e enemas
de café (quatro por dia) desenvolvido pelo Dr.
Max Gerson. A mãe de Davis tinha tido câncer de
mama duas vezes, submetendo-se à quimioterapia e
a uma mastectomia. Davis sabia dos perigos da
quimioterapia e dos efeitos da cirurgia mamária.
Recusou-se a aceitar que não existiam
alternativas. A terapia de Gerson lhe deu
esperanças. Quando ficou claro que o tratamento
era ineficaz, Davis concordou em submeter-se à
quimioterapia. Morreu quatro meses depois em 20
de março de 1999, com 39 anos, após dois anos e
meio lutando contra o câncer. Será que a
quimioterapia poderia tê-la salvo se tivesse
procurado pelo tratamento mais cedo? Talvez. Pode
ser que as probabilidades estivessem contra ela,
mas a tênue esperança oferecida pela medicina
científica era ao menos uma esperança real. A
que foi oferecida por Gerson era falsa da cabeça
aos pés.
- A MA geralmente usa remédios
"naturais". Muitas pessoas acreditam
que o que é natural
é necessariamente melhor e mais seguro do que o
que é artificial (como os produtos
farmacêuticos). Só porque algo é natural
não significa que seja bom, seguro ou saudável.
Há muitas substâncias naturais que são
perigosas e prejudiciais. Há também muitos
produtos naturais que são ineficazes e de pouco
ou nenhum valor para a saúde e bem estar das
pessoas.
- A MA é geralmente mais barata que a medicina
tradicional. Este fato tornou os tratamentos
"alternativos" interessantes para as
organizações de amparo à saúde (HMOs) e para
as companhias de seguros, ambas as quais estão
percebendo que é mais barato, logo mais
lucrativo, oferecer tratamentos
"alternativos". Se as terapias
"alternativas" fossem alternativas de
verdade, não faria nenhum sentido pagar mais por
um tratamento da mesma qualidade. No entanto, a
maioria das terapias chamadas
"alternativas" não são realmente
alternativas; elas não são tratamentos
igualmente eficazes. Logo, o fato de serem mais
baratas é de pouca importância.
- A medicina alternativa muitas vezes é
legalizada por governos estaduais, que licenciam
e regulamentam práticas "alternativas"
e até protegem seus praticantes de ataques da
comunidade médica. por exemplo, Os
quiropráticos, venceram uma importante ação
por formação de cartel contra a Associação
Médica Americana em 1987. Um juiz federal
proibiu permanentemente a AMA de "dificultar
a prática da quiropraxia." O fato de
ser licenciada, regulamentada e protegida é
visto pela MA como sinal de legitimidade. Na
verdade, a maior parte desse licenciamento e
regulamentação visa proteger o público de farsantes
e charlatães.
- Muitos médicos tradicionais tratam as
doenças em primeiro lugar e as pessoas em
segundo. Os praticantes
"alternativos" são freqüentemente
"holísticos", dizendo tratar o corpo,
a mente e a alma do paciente. Muitas pessoas são
atraídas pelas conexões espirituais e
metafísicas feitas pelos praticantes da MA.
Muitos dos pacientes da MA alegam que seus
"curandeiros" os tratam como pessoas
com quem parecem se importar, enquanto que os
médicos tradicionais muitas vezes têm falta de
boa "postura médica".
Os médicos
tradicionais geralmente trabalham em grandes
hospitais ou HMOs e atendem centenas ou milhares
de pacientes com suas necessidades específicas.
Os terapeutas "alternativos", por outro
lado, geralmente trabalham em suas próprias
casas ou pequenos escritórios ou clínicas, e
atendem muito menos pacientes. E o mais
importante, aqueles que procuram a ajuda de um
médico tradicional geralmente não se importam
com a religião ou crenças metafísicas ou
espirituais dele. Os que buscam pela medicina
"alternativa" são geralmente atraídos
pela personalidade e pela visão que o terapeuta
tem do mundo. Por exemplo, uma pessoa com
diabetes que procura um endocrinologista
provavelmente não estará interessada na crença
do médico no chi ou em qualquer outra
idéia espiritual ou metafísica. Se o médico
acredita em Deus ou na alma é irrelevante. O que
importa é o conhecimento e a experiência do
médico na doença. Se o médico for gentil e bem
apessoado, melhor ainda. Um terapeuta
"alternativo" frio e indiferente não
se daria bem nos negócios. Um médico
tradicional frio e indiferente talvez tenha
pacientes fazendo fila para serem tratados, se
for um excelente médico.
- Muitas pessoas aparentemente não entendem que
a medicina tradicional tem os mesmos defeitos que
todas as outras formas do conhecimento humano: é
falível. Também é corrigível. Sistemas de
natureza fundamentalmente metafísica não são
testáveis, logo nunca se pode provar que são
incorretos. Assim, uma vez estabelecidos, tendem
a receber adesões de forma dogmática e jamais
mudam. A única forma de se mudar um dogma é se
tornar um herege e criar seu próprio
contra-dogma. Quando a medicina científica erra
ela o faz de formas que podem ser corrigidas.
Tratamentos e práticas ineficazes ou
prejudiciais cedo ou tarde são rejeitadas.
Práticas
e tratamentos "alternativos" geralmente
são baseados em fé e na crença em entidades
metafísicas como o chi
e recorrem a hipóteses
ad hoc para justificar o fracasso e
a ineficácia. Na medicina científica há
divergências e controvérsias, erros e
discussões, testes e mais testes, etc. As
decisões são tomadas por seres humanos
falíveis, envolvidos com a prática falível da
medicina científica. Algumas dessas decisões
são infelizes, mas com o tempo se descobre que
elas o são e tratamentos que um dia foram
padrões são rejeitados e substituídos por
outros. A medicina cresce, progride, muda
drasticamente. A homeopatia, a iridologia, a
reflexologia, a aromaterapia, o toque
terapêutico, etc. não mudam fundamentalmente ao
longo dos anos. Seus praticantes não se desafiam
mutuamente como exige a medicina científica.
Pelo contrário, os terapeutas
"alternativos" geralmente fazem pouco
mais que apoiar um ao outro.
- As terapias "alternativas" apelam
para o pensamento mágico. Idéias com pouco
respaldo científico, como as da magia simpatética,
são populares entre os terapeutas
"alternativos" e seus clientes. A
medicina tradicional é rejeitada por alguns
simplesmente por ser tradicional, e não mágica.
Embora a medicina pareça às vezes operar
milagres, os milagres da medicina moderna são
baseados em ciência, não em fé.
- A principal razão pela qual pessoas procuram
por tratamentos médicos "alternativos"
é, no entanto, por pensarem que eles funcionam.
Ou seja, elas se sentem melhor, mais saudáveis,
com mais vitalidade, etc., após o tratamento.
Aqueles que dizem que a medicina
"alternativa" funciona geralmente fazem
pouco mais do que declarar que são clientes
satisfeitos. Para muitos dos terapeutas da MA,
ter clientes satisfeitos é tudo o que precisam
para provar que são realmente capazes de curar.
Em muitos casos, no entanto, as condições de
uma pessoa teriam melhorado mesmo se ela não
tivesse feito nada. Mas como a melhora veio após
o tratamento, acredita-se que ela tenha sido
causada por ele (falácia post
hoc e falácia
regressiva). Em muitos dos casos, o sucesso
do tratamento se deve a nada mais que o efeito placebo. Em
alguns casos, a medicina tradicional causa mais
mal do que bem e a melhora que a pessoa sente se
deve à interrupção deste tratamento,
e não ao início do "alternativo".
(Uma das razões pelas quais os curandeiros
espirituais da época da medicina pré-moderna
podem ter tido melhores índices de sucesso no
campo de batalha que os tradicionais pode ser o
fato de que os últimos muitas vezes prejudicavam
seus pacientes: por exemplo, infectando-os
durante o tratamento. Os curandeiros espirituais,
que não faziam nada com o ferimento, não
infectavam o paciente, que muitas vezes se
recuperava graças aos mecanismos internos de
cura do próprio organismo.
Em muitos dos casos, a cura na verdade é
conseguida pela medicina tradicional praticada em
conjunto com a terapia "alternativa",
mas o crédito é dado à
"alternativa". Além disso, muitas das
chamadas curas nem mesmo são curas reais num
sentido objetivo. O paciente pode ter sido
diagnosticado erroneamente desde o início, logo
não ocorreu nenhuma cura. Um paciente pode
também relatar subjetivamente que se "sente
melhor" e isso é considerado prova de que a
terapia está funcionando. Os efeitos
psicológicos de terapias não são, no entanto,
idênticos a melhoras objetivas. Uma pessoa pode
se sentir muito pior mas estar na verdade ficando
muito melhor. Reciprocamente, uma pessoa pode se
sentir muito melhor mas na verdade estar ficando
muito pior.
- Para concluir, muitos dos defensores das
terapias "alternativas" se recusam a
admitir falhas. Quando o comediante Pat
Paulsen morreu enquanto recebia terapia
alternativa para o câncer em Tijuana, no
México, sua filha não aceitou o fato de que a
terapia fosse inútil. Pelo contrário, acreditou
que a única razão para seu pai ter morrido foi
não ter recorrido à terapia
"alternativa" mais cedo. Esse tipo de
fé é comum entre os que estão desesperados e
vulneráveis, traços em comum dos que procuram
por terapias "alternativas".
Veja verbetes para as seguintes práticas
"alternativas" de saúde:
Veja verbetes relacionados sobre hipóteses ad hoc, Edgar Cayce, leitura fria, reforço comunitário, tendência para a confirmação,
estudos controlados, navalha de Occam, o efeito placebo, falácia post hoc, falácia regressiva, pensamento seletivo, auto-ilusão, validação subjetiva, testemunhos e wishful thinking.
leitura adicional
Barrett,
Stephen e William T. Jarvis. editores. The Health
Robbers: A Close Look at Quackery in America [Os
Assaltantes da Saúde: Um Exame Minucioso do
Charlatanismo na América], (Amherst, N.Y.:
Prometheus Books, 1993).
Gardner,
Martin. Fads and Fallacies in the Name of Science [Modismos
e Falácias em Nome da Ciência] (New York: Dover
Publications, Inc., 1957), ch. 16.
Gardner,
Martin. "Water With Memory? The Dilution
Affair," [Água com Memória? O Assunto da
Diluição] em The Hundredth Monkey [O
Centésimo Macaco], ed. Kendrick Frazier (Buffalo,
N.Y.: Prometheus Books, 1991), pp. 364-371.
Randi,
James. The Faith Healers [Os Curandeiros pela
Fé] (Amherst, N.Y.: Prometheus Books).
Raso,
Jack. "Alternative" Healthcare: A
Comprehensive Guide [Tratamentos
"Alternativos": Um Guia Abrangente] (Amherst,
NY: Prometheus Books, 1994).
Raso, Jack. "Mystical Medical
Alternativism," [Alternativismo Médico
Místico] Skeptical Inquirer, Set/Out 1995.
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