Um cristal é um sólido formado por arrajos internos de atomos e moléculas regularmente repetidas, e é distinguido pelas suas faces externas planas. As particulas de cristal formam uma variedade de formas geométricas devido à compressão interna.
Claro que os vendedores e compradores de cristais da Nova Era ou Neo-Pagãos não estão interessados em explicações cientificas. O que lhes importa é a beleza estética dos minerais e como o cristal pode ser um guia mágico do futuro ou oferecer-lhes mágicos poderes de cura ou protecção.
O que faz as pessoas pensarem que bolas de cristal, folhas de chá, entranhas de cordeiros, cartas de tarot, as estrelas, etc, são guias uteis para o futuro? O que as faz pensar que um cristal, um talismã, os protege ou cura?
O desejo de um guia para a vida, para protecção, para curar, requer pouca explicação. A vida é dura. Nasceu em dor e depois morre... ou uma coisa assim. Há alguns anos ninguem sabia que existia e daqui a alguns anos ninguem se lembra de si... ou algo assim. A vida é um flash rodeado de trevas por todos os lados... ou um momento precedido e seguido pelo vazio... ou algo assim. A vida é dura. Precisamos de toda a ajuda que conseguirmos.
Mas porque é que enquanto uns procuram ajuda na lógica e na ciência, outros preferem seguir o caminho do paranormal ou do sobrenatural? Bem, talvez porque uns são mais inteligentes e trabalhadoras que outras. Mas como explicamos as pessoas inteligentes e trabalhadoras que pensam que a magia e o paranormal são lógicas e guias? Não podemos limitar-nos a dizer que são estupidas, ignorantes ou preguiçosas. Uma explicação vulgar é serem culpadas de wishful thinking. Contudo, isto são apenas palavras e não explicam realmente nada. Porque é que querem acreditar? Talvez porque acreditar oferece conforto das duras realidades descobertas pela ciência. Então Freud e Marx tinham razão? Parcialmente sim. A motivação para a crença em cristais pode ser a mesma para acreditar na religião: oferece um opiáceo para os efeitos da dura realidade. Mas provavelmente há algo mais. Talvez o cristal ajude o possuidor a encontrar um significado, uma conexão com uma realidade maior. Pode dar-lhe uma sensação de poder.
Não devemos esuqecer a proclamação de alhuem que se auto-intitula o maior psicóligo do mundo: Nietzsche. Talvez a devoção à magia seja uma expressão da vontade-de-poder que conduz o ocultista inteligente. Diz-se que saber é poder, mas há um sentimento de poder de quem pensa que tem o conhecimento. Não interessa se este é real ou não. O que interessa é que ele acredita no seu saber. A crença dá tanto ao emissor como ao receptor da leitura o poder que procuram. A virtude desta explicação é que tambem explica o ocultismo do estupido, do ignorante. Infortunadamente, tambem explica o empirismo e o cienticismo. De facto explica tudo. É a sua virtude e o seu vicio. Explica porque Nietzsche se considerava o maior psicólogo. Explica porque estou a escrever sobre cristais. Mas não explica porque há uma diferença entre os que preferem o cientifico e os que preferem o oculto. Talvez Schopenhauer tivesse razão: todas as crenças veem do querer. Mas então temos dois a conduzir-nos: um em direcção à ciência e à lógica, outro dirigido para o mágico e o oculto. Isto serve William James que acreditava que há algo de básico numa personalidade que a faz virar-se para a religião ou não. Pelo que sei, Schopenhauer e James podem ter a explicação correcta para o que aparenta ser um dualismo inexplicavel.
Devo terminar como céptico. Embora as bolas de cristal não sejam melhores que entranhas de animais para ver o futuro, representam um claro progresso, pelo menos em dois pontos: 1) tratamento dos animais, e 2) muito mais higiénico. Ao contrário das folhas de chá, não precisamos de ter um saco à mão. As cartas de tarot requerem um tom dramático, que nem todos teem. A iridologia e a astrologia atraem mais as classes intelectuais. Finalmente, os cristais ainda teem uma vantagem extra: podem ser cortados e pendurados ao pescoço ou no retrovisor do carro. Experimentem fazer isso com um intestino de carneiro!
Leituras
Jerome, Lawrence E. Crystal Power - The Ultimate Placebo Effect (Amherst, NY: Prometheus, 1996).