atualização Os textos seguintes estão sendo divulgados e atribuídos a Nostradamus como se ele tivesse predito o terror em Nova York, em Washington e na Pensilvânia em 11 de setembro de 2001. Nostradamus não previu nada disso e essas supostas quadras são forjadas. Os textos em francês são do site Nostradamiama. No ano do novo
século e nove meses, O céu arderá a
quarenta e cinco graus. Na cidade de
York haverá um grande desabamento, As primeiras duas linhas parecem ser uma adulteração da Centúria X, quadra 72: L'an mil neuf cens
nonante neuf sept mois No ano de 1999,
sétimo mês Não fui capaz de encontrar nenhuma referência em Nostradamus a "o novo século e nove meses". As próximas duas linhas são da Centúria VI, quadra 97. Cinq & quarante
degrez ciel bruslera, O céu arderá a
quarenta e cinco graus, Alguns especulam que isso se refere à latitude de Nova York, mas a latitude do Central Park é 40° 47' N. O restante da VI.97 é Instant grand flamme
esparse sautera, Num instante,
saltará uma grande chama dispersa, Naturalmente, há muitas pessoas chamadas Norman vivendo nas cidades de Nova York e Washington. Há outras versões forjadas circulando. Veja a página Urban Legends and Folklore de David Emery no About.com. Esses boatos são quase tão repulsivos e nojentos quanto a afirmação de Silvia Browne de que teria predito o desastre, mas não pôde nos contar os detalhes antecipadamente por não ser "onisciente". Ao menos uma vez ela disse a verdade! Segundo David Emery, uma das versões forjadas foi escrita poucos anos atrás por um estudante chamado Neil Marshall "para demonstrar... que os escritos de Nostradamus são tão crípticos que podem ser interpretados de forma a significar quase qualquer coisa". (Emery parece ter obtido essa informação da página de Lendas Urbanas de Barbara e David P. Mikkelson.) Se tivermos um pouco de imaginação podemos encaixar praticamente qualquer passagem a qualquer evento. Como exemplo dessa descoberta do significado após o acontecido, leia o seguinte e-mail que recebi a respeito da minha rejeição das falsas predições.
Em primeiro lugar, eu não interpreto nada. O e-mail que eu li fez a interpretação. Eu apenas a passei adiante. Mas você pode ver quantas outras interpretações podem ser dadas à passagem. Se você for inteligente o bastante e disposto a trabalhar nela por tempo suficiente, tenho certeza de que poderá encontrar algo convincente para "O céu arderá a 45 graus." O mesmo vale para todas as outras quadras, forjadas ou não. O Sr. Marshall teve a impressão correta. O site original do Skeptic's Dictionary em inglês recebe cerca de 300 a 400 hits por semana no verbete sobre Nostradamus. Recebeu 140.000 nos últimos três dias. O verbete do Código da Bíblia também está ativo: cerca de 40 vezes mais pessoas que o normal estão acessando-o. O Skeptic's Dictionary teve mais de 702.000 hits no dia seguinte ao dos ataques terroristas e mais de um milhão nos últimos três dias. (Cerca de 15% dos hits são de html, os restantes são de imagens.) Normalmente recebe cerca de 9 a 10 mil hits de html por dia. 13 de setembro de 2001 |
Robert Todd Carroll
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Nostradamus (1503-1566)
Michel Nostradamus foi um médico e astrólogo francês do século 16. Seus seguidores modernos o vêem como profeta. Suas profecias têm uma qualidade mágica para os que as estudam: são confusas e obscuras antes do evento predito, mas se tornam cristalinas depois que o evento ocorre. Nostradamus escreveu estrofes de quatro linhas (quadras) em grupos de 100 (centúrias). Os céticos consideram as profecias, em sua maior parte, palavras sem nexo. Por exemplo:
Se alguma coisa cair do céu em julho de 1999, pode apostar que Nostradamus receberá os créditos por tê-lo predito, mesmo se ninguém conseguir imaginar quem poderia ser esse rei mongol. Na verdade, se qualquer coisa interessante acontecer nos céus em junho, julho ou agosto, estará próxima o bastante para que o crente a considere uma confirmação do dom de Nostradamus. Uma coisa que Nostradamus não previu foi que se tornaria, no século 20, uma indústria de um homem só. Editoras jamais irão à falência por imprimir coisas sem pé nem cabeça alegando serem as últimas predições colhidas dos manuscritos de Nostradamus. Alguns afirmam que Nostradamus teria predito o desastre do ônibus espacial. Naturalmente, elas não perceberam que ele o havia predito, a não ser quando já era tarde demais. Eis a passagem:
A Thiokol fabricou a junta defeituosa à qual foi atribuída a culpa pelo desastre. O nome tem um 'k', um 'th' e um 'l'. Que prova além dessas é preciso? Tudo bem se foram sete que morreram e não nove. O resto é vago o bastante para se encaixar em vários cenários diferentes. Fiéis como Erika Cheetham acreditam que Nostradamus tenha predito a invenção das bombas, foguetes, submarinos e aviões. Previu o Grande Incêndio de Londres (1666) e a ascensão de Adolf Hitler, e muitas outras maravilhas. Céticos como James Randi lançam dúvidas sobre a interpretação das quadras de Nostradamus. Eis como Randi e Cheetham lêem uma das quadras mais famosas, que supostamente prevê a ascensão de Hitler ao poder na Alemanha:
versão de Cheetham:
versão de Randi:
Você mesmo pode ler os argumentos deles, mas eu gostaria de acrescentar algo que nenhum menciona. 'Germania' é um termo que se refere a uma antiga região da Europa, ao norte do Danúbio e a leste do Reno. Pode também se referir a uma parte do Império Romano que corresponde nos dias atuais ao nordeste da França e parte da Bélgica e da Holanda. Para mim, ambas as versões desse poema profético são um palavreado sem nexo. E foge à minha compreensão por que motivo alguém pensaria que Hister se refere a Hitler em lugar de exclusivamente a uma área do Danúbio, que mesmo os nostradamianos reconhecem como sendo o significado comum do termo na época do seu herói. Concluindo, permitam-me observar que existe um programa em vídeo conhecido como "Nostradamus: Prophet of Doom." [Nostradamus: O Profeta do Apocalipse] É uma representação altamente acrítica e enganosa, em sua maior parte requentando as opiniões de Cheetham, e vem sendo transmitida pelo canal A & E na série de biografias --um deslize numa série que normalmente é corretamente informativa. James Randi, que escreveu um livro crítico e cético sobre o fenômeno Nostradamus, foi entrevistado para o programa, mas alega que seus pontos de vista foram distorcidos ou ignorados. Ele diz
Afinal, que interesse despertaria um programa que percorresse milhares de quadras, a maioria das quais ridiculamente obscura, e que mostrasse como cada uma delas ou não fazia qualquer sentido ou podia ser grandemente distorcida de forma a se encaixar em eventos que já tinham ocorrido? As poucas "predições" que parecem precisas são facilmente explicadas por coincidências e leis da probabilidade. Qualquer abordagem rigorosa dessa bobagem seria recebida com baixos índices de audiência. Assim, não espere que um programa assim aconteça neste milênio. E certamente não espere por um programa que concorde com Jean-Claude Pecker do Collège de France em Paris. Ele sustenta que Nostradamus tenha descrito eventos de seu tempo e mais antigos "mas os disfarçou numa espécie de francês codificado" porque "nesse período conturbado" estava "sob constante ameaça." (Veja a página 81 da edição de setembro/outubro de 2001 da Skeptical Inquirer.) Veja verbetes relacionados sobre O Código da Bíblia, clarividência, Edgar Cayce, Jean Dixon, a lei dos grandes números, clarividência retroativa, e associação forçada. leitura adicional
Martin, Bruce. "Coincidences: Remarkable or Random?" [Coincidências: Extraordinárias ou Aleatórias?] em The Skeptical Inquirer, setembro/outubro de 1998. Pecker, J.C. 1984. Des lyonnes en grimoire dans Ravenne, Le Débat-Gallimard, mars. Prévost, Roger. Nostradamus, le Mythe et la réalité: un historien au temps des astrologues [Nostradamus, o mito e a realidade: um historiador nos tempos dos astrólogos] (Robert Laffont, Paris: 1999). |
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©copyright 2000 Robert Todd Carroll traduzido
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Última
atualização: 2001-09-18 |