Robert Todd Carroll
|
princípio antrópico
Princípio antrópico é a crença, por parte de alguns físicos, de que seja virtualmente impossível que numerosos fatores no início do universo, que teriam de ser coordenados de forma a produzir um universo capaz de sustentar formas avançadas de vida, pudessem ser obra do acaso. Essa crença é tida por alguns como boa evidência de que este universo foi provavelmente criado por um ser muito poderoso e inteligente (provavelmente chamado Deus). Se a massa do universo e as intensidades das quatro forças básicas (eletromagnetismo, gravidade e forças nucleares forte e fraca) fossem diferentes, ou se não tivessem passado por "ajuste fino" para trabalhar em conjunto da forma que o fazem, o universo, como o conhecemos, não existiria. Um delicado equilíbrio de constantes físicas é "necessário para que o carbono e outros elementos químicos após o lítio, na tabela periódica, sejam produzidos nas estrelas". * Resumindo, é preciso que muitas coisas aconteçam em conjunto para existirmos (as chamadas "coincidências antrópicas"). Aparentemente, alguns físicos acham estranho existirmos justamente no momento da história do universo em que poderíamos existir. O físico Victor Stenger resume o princípio antrópico desta forma:
Nós não existiríamos e não seríamos conscientes do mundo ao nosso redor se ele não fosse compatível com nossa existência. Ou, como diz o físico Bob Park: "Se as coisas fossem diferentes, as coisas não seriam do jeito que as coisas são". Outra forma de descrever o princípio é popular entre os que esperam que a ciência pare de martelar sua fé:
Sim. Se as coisas tivessem sido diferentes, não estaríamos aqui. Mas não foram, e nós estamos. De qualquer forma, até onde eu sei, se uns poucos neurotransmissores estivessem ao norte ao invés de ao sul no meu cérebro, eu estaria proclamando que a física prova que Maomé é o profeta de Deus. Mas eles não estão, e eu não estou. Além disso, se as coisas fossem diferentes, seriam diferentes. De qualquer forma, a improbabilidade de algo que já aconteceu é um tanto enganosa e, enfim, irrelevante. Como diz John Allen Paulos:
Seria ainda mais absurdo declarar que um milagre deve ter acontecido e que uma força inteligente de dimensões sobrenaturais deve ter atuado por detrás de toda mão de bridge. A expressão 'princípio antrópico' foi cunhada pelo físico Brandon Carter, que formulou a hipótese de as coincidências antrópicas não são aleatórias, e sim planejadas. Há várias variações do princípio, inclusive uma que parece ser idêntica ao idealismo filosófico clássico: o universo só existe porque o percebemos. * Isto é verdadeiro, e extremamente profundo e trivial ao mesmo tempo. Como não temos nada com o que comparar o nosso universo, no entanto, parece presunçoso afirmar que sabemos qual a improbabilidade estatística da ocorrência dos fatores que eram necessários para que ele existisse. E se houver muitos universos? O nosso poderia ser bastante comum e não exigir nenhum tipo de Ajustador Fino. Além disso, não parece implicar a existência de um projetista argumentar que existimos no único momento da história do universo em que podemos percebê-lo, e que se determinado número de fatores tivesse sido diferente não estaríamos aqui agora. Não implica a existência de um projetista o fato de que, bilhões de anos atrás, não poderíamos ter existido e tanto o universo como nós seriam um delírio então. Nem implica nada o fato de que, em poucos bilhões de anos, este planeta começará a morrer e, poucos bilhões de anos após isso, não haverá nenhuma possibilidade de vida aqui. No entanto, observar isso significa garantir que a pessoa não ganhará o Prêmio Templeton. Além disso, argumentar a favor de alguma variação do princípio antrópico quase que garante a um físico o prêmio "o maior prêmio existente por conquista intelectual". * Você pode imaginar o número de probabilidades condicionais que teriam de ocorrer para que um sujeito da zona rural do Tennessee entrasse em Yale e Oxford, ganhasse bilhões desenvolvendo fundos mútuos e encontrasse cientistas dispostos a receber dele toneladas de dinheiro para tentar provar que a ciência apóia um mundo de espíritos, a despeito de evidências esmagadoras em contrário? Ainda assim, apesar das inacreditáveis probabilidades em contrário, isso aconteceu. E não parece tão incomum. leitura adicional
Barrow, John D. e Frank J. Tipler, The Anthropic Cosmological Principle (Oxford, 1988). Stenger, Victor. God: The Failed Hypothesis - How Science Shows That God Does Not Exist. (Prometheus, 2007). |
|||
©copyright 2007 Robert Todd Carroll traduzido
por |
Última
atualização: 2008-02-28 |